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O meu silêncio

por seila, em 01.04.15

Hoje não escrevo por mim.

Estou cansada, sem palavras que façam sentido.

Escuto-me apenas em silêncio.

Porque o meu silêncio é tantas vezes ruidoso, confunde-me, não me deixa clarear as ideias, impede-me a fluidez do raciocínio.

 

É por isso que hoje deixo um poema.

Que melhor que um poema para nos fazer sonhar, chamar à realidade ou simplesmente descrever o que sentimos e não somos capazes de transmitir?

A Literatura Portuguesa é muito rica e tem milhares de exemplos como este que escolhi.

 

Encontro

Que vens contar-me
se não sei ouvir senão o silêncio?
Estou parado no mundo.
Só sei escutar de longe
antigamente ou lá pró futuro.
É bem certo que existo:
chegou-me a vez de escutar.
Que queres que te diga
se não sei nada e desaprendo?
A minha paz é ignorar.
Aprendo a não saber:
que a ciência aprenda comigo
já que não soube ensinar.
O meu alimento é o silêncio do mundo
que fica no alto das montanhas
e não desce à cidade
e sobe às nuvens que andam à procura de forma
antes de desaparecer.
Para que queres que te apareça
se me agrada não ter horas a toda a hora?
A preguiça do céu entrou comigo
e prescindo da realidade como ela prescinde de mim.
Para que me lastimas
se este é o meu auge?!
Eu tive a dita de me terem roubado tudo
menos a minha torre de marfim.
Jamais os invasores levaram consigo as nossas torres de marfim.
Levaram-me o orgulho todo
deixaram-me a memória envenenada
e intacta a torre de marfim.
Só não sei que faça da porta da torre
que dá para donde vim.

 

Almada Negreiros

 

Seilá, 1 de Abril de 2015

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publicado às 21:36

Un anno fa

por seila, em 25.10.14

 

   (fotos minhas)

 

Sobranceiro erguendo-se no cimo da colina na terra implantado, o castelo secular guarda a sua cidade observando-a, admirando-a, protegendo-a.

Quanta história através dos tempos encerra dentro das suas muralhas, de momentos de glória que o enchem de orgulho.

Quantas histórias, dos seus moradores, dos seus visitantes presenciou através de cada janela indiscreta dos edifícios da cidade que a eles todos vê. Tantas que lhes perde o conto. Guarda-as no silêncio das suas pedras emudecidas.

Olha e sente. Cada uma diferente da outra.

Na sua essência, todas por base o amor ou…

Não, o resto não importa! Só o amor, seja ele qual for, é valioso, digno de ser contado.

 

Há um ano o castelo observou mais uma história e tudo lhe indicou ter um bom começo, prenúncio de que poderia ser duradoura.

Prazenteiro guardou-a inscrevendo-a nas paredes a letras invisíveis, não fosse alguém descobri-la.

Eram forasteiros quem ele viu através daquela específica janela de luz difusa.

Não chegou a saber-lhe o desfecho.

 

Hoje, sob a abóboda de estrelas abraçadas pelo luar, escuta o vento que serpenteia por entre as ameias das suas muralhas assobiando baixinho. Sente a suave brisa que da noite quente e calma entra pelas suas janelas. Ambos lhe contam a mesma história.

- Tudo foi em vão - dizem-lhe - só restam as memórias para que não esteja esquecida. Acabou no âmago da indiferença.

 

E na sua beleza de monumento iluminado no sereno da noite, o castelo reflecte uma enorme nostalgia.

 

Un anno fa 

 

Seilá, 22 de Agosto de 2012

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publicado às 20:22


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