Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Às vezes alguém nos dá a luz de um caminho. Foi por aí que nasceu o Por Aqui ou Por Ali. "Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido" Fernando Pessoa
Das janelas da minha casa vejo um tempo cinzento de pingos de chuva.
Não vejo pessoas na rua, nem os cães se passeiam.
Vejo as árvores que já se vão despindo e do seu porte exuberante de verdes folhas, despedindo.
Os castanheiros ainda novos, ah sim, porque na minha rua há castanheiros, já largaram os ouriços e as folhas que ao ritmo do vento se revolvem, tomaram a cor amarelada e castanha da terra que os alimenta.
O Rio Tejo desapareceu. Levou com ele a Vasco da Gama e com o céu se fundiu, abençoado por Deus.
Das minhas janelas não existe Serra da Arrábida. O horizonte foi forrado a papel de parede mais uma vez cinzento, sem vida, nem estética.
Com certeza quem fez o mapa enganou-se e quem a declarou Parque Natural de tamanha beleza, onde se incluem algumas zonas de vegetação mediterrânica que só é conhecida na Arrábida, por certo sonhou e o contou com uma tal convicção, que muitas vezes, a vemos, fotografamos e até nos refrescamos nas águas apetitosas que sob o vaidoso sol a banham.
Os carros passam e abrem um rasto de salpicos retirados da chuva acumulada na estrada.
Das minhas janelas olho pra dentro e vejo um sofá, um livro pousado e uma chávena de chá fumegante. Oiço sons também, a chuva que vai caindo e a música que me vai encantando.
Seilá, 10 de Outubro de 2015
Foi-se o dia das vaidades, coisas bonitas, que podem ser supérfluas, mas às vezes necessárias para nos emprestarem um pouco de ânimo.
Veio o dia das lembranças que nos trazem coisas boas do passado, viajamos com a saudade, tornamo-nos um pouco nostálgicos e nasce a vontade de por momentos. estarmos sós.
Inesperadamente, ou talvez não, juntamos-lhe umas gramas de ansiedade e o coração dispara com pena das ilusões perdidas.
Surge a vontade de abraçar, de acarinhar mas não sabemos como.
Que vontade de fugir, de caminhar sem destino de apanhar um outro rumo, longe, distante onde more o esquecimento.
Iluminar o túnel, beber a água das fontes, criar raízes nas pontes e um outro mundo nascer dentro do coração.
Seilá, 3 de Outubro de 2015